Weiss e Géricault: A história como parte da memória ativa para servir o futuro
Resumo
Os náufragos do Medusa e os testemunhos de Auschwitz convergem numa “estética da resistência”. Propõem uma espécie de julgamento da História, iluminando as forças que a impelem, ou recuperando acontecimentos que a hegemonia oficial quis esquecer. A realidade, por mais mascarada, pode ser explicada ao mínimo pormenor, escreve Weiss, enquanto a “pilha repelente de corpos” celebriza Géricault, apesar da “afronta à autoridade, a negação da piedade oficial e do gosto popular, e em nada contribuir para o orgulho pátrio” (Hagen 2003, 375).
Na pintura-documento – a queda de Napoleão Bonaparte reinstalou no poder a dinastia dos Bourbons, na pessoa de Luis XVIII – e no teatro-documento – a “aberração infeliz”, no discurso político sobre o Holocausto, começou a ser investigada na Alemanha mais de uma década após o final da II Guerra Mundial – pulsa “um senso de descoberta, a procura de uma explicação, e a natureza elusiva do significado e da verdade: muito mais a ideia de um caminho a percorrer do que a de um ponto de chegada” (Favorini 2008, 79).
A precisão visual e obsessão histórica de Géricault e o teatro político, não-ficcional, de Weiss, são um desafio persistente à consciência individual e à cidadania coletiva.
pintura-documento; teatro-documento; Théodore Géricault; Peter Weiss
Direitos de Autor (c) 2019 Revista de Comunicação e Linguagens
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.