As primeiras «fotografias científicas» de um Cachalote (1890). Francisco Afonso Chaves e a Inexatidão da Imagem

  • Victor dos Reis Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas-Artes

Resumo

Em 1890, foi publicado em Paris um texto intitulado «Des formes Extérieures du Cachalot», assinado por G. Pouchet e F.-A. Chaves, ilustrado com três desenhos e três fotografias (Journal de l'Anatomie et de la Physiologie de l'Homme et des Animaux). Estas imagens são anunciadas como as «primeiras fotografias científicas de uma baleia». Através delas é finalmente possível «fixar as características exteriores deste animal, tão famoso quanto mal conhecido» e, assim, como afirmado na introdução do artigo, pondo fim a uma longa era de representações imprecisas. Os autores do artigo eram dois reputados naturalistas: Charles Henri Georges Pouchet (1833-1894), especialista em cetáceos e professor de anatomia comparada no Museu Nacional de História Natural de Paris; e o açoreano Francisco Afonso Chaves (1857-1926), interessado em campos tão diversos quanto a sismologia, o geomagnetismo e especialmente o clima, mas também dedicado ao estudo da fauna e da flora dos Açores. Contudo, Afonso Chaves é especialmente um notável fotógrafo cujo trabalho, na sua maior parte em estereoscopia, permaneceu desconhecido. O objetivo deste artigo é analisar as fotografias de Francisco Afonso Chaves e aperceber-se do importante papel das fotografias na publicação de 1890. Tal como foi sublinhado, de forma empática, por Georges Pouchet, estas fotografias constituem as primeiras representações científicas de uma espécie até então mal compreendida e mal representada visualmente. Mas, finalmente, o que torna estas imagens científicas? Como é que se misturam, nestas imagens, o visual e o visível?   Francisco-Afonso Chaves; fotografia; representações científicas; visual; visível  

Biografia Autor

Victor dos Reis, Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas-Artes

Victor dos Reis Licenciado em Pintura (1990) e doutorado em Belas-Artes / Teoria da Imagem (2007) pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, com a tese O Rapto do Observador: Invenção, Representação e Percepção do Espaço Celestial nas Pinturas de Tectos em Portugal no Século XVIII. Docente desta instituição desde 1991, é actualmente Professor Auxiliar. Curador da exposição A República e a Modernidade integrada no Centenário da República (Ponta Delgada, Museu Carlos Machado, 2010-2011. Desenvolve actividade científica nas áreas de Teoria da Imagem, Cultura Visual, Representação Espacial, História da Perspectiva, Arte, Ciência e Tecnologia, Percepção Visual, tendo incidido a sua mais recente investigação no estudo da obra fotográfica do naturalista açoreano Coronel Afonso Chaves.


 

Publicado
2017-06-19
Como Citar
dos Reis, V. (2017). As primeiras «fotografias científicas» de um Cachalote (1890). Francisco Afonso Chaves e a Inexatidão da Imagem. Revista De Comunicação E Linguagens, (47). Obtido de https://rcl.fcsh.unl.pt/index.php/rcl/article/view/86
Secção
Artigos