A CIDADE DO FUTURO (REVISITADA)

  • Luís Cláudio Ribeiro Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa [PT] 

Resumo

Alguém sai de casa, entra no automóvel e instantaneamente o rádio fica ligado. O mesmo indivíduo entra no emprego e escuta música a partir dos seus headphones. E se decide andar pela cidade, não se esquece de os ligar. Este comportamento do homem urbano constitui um corte com o espaço de cruzamento que caracteriza a cidade; um corte com a constituição de um real feito a partir da vigilância da visão e do reconhecimento dos outros; e uma alteração substancial da perceção do sujeito sobre a paisagem urbana, esse novelo físico, arquitetónico que sempre compôs a cidade.

A constituição da urbanidade é feita aqui sobre objetos sonoros que obrigam a uma desaparição parcial do reconhecimento visual e do espaço acústico. A constituição do sujeito no espaço público, que também é um espaço de troca de sinais, de conhecimentos e de afetos, faz-se pela desinstalação do aparelho de reprodução sonora. E nesta ação abre-se à rua o canal óptico.

O homem urbano de Aristóteles, um ser vivente (zoon) feito para a vida da cidade (bios politikós) está em alteração por efeito dos aparelhos móveis de reprodução sonora. E esta alteração atinge a substância da cidade, o seu urbanismo e arquitetura, isto é, a sua fisicalidade.

 

som, dispositivo, móvel, perceção, urbano

Biografia Autor

Luís Cláudio Ribeiro, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa [PT] 

Luís Cláudio Ribeiro é professor de Estudos do Som e diretor do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em Lisboa. Doutorado e Agregado em Ciências da Comunicação, desenvolve investigação no campo da epistemologia dos media e do som. As suas mais recentes obras focam-se na identificação e caracterização das alterações produzidas pelos mediadores sonoros na sociedade contemporânea: O Mundo é uma Paisagem Devastada pela Harmonia (Lisboa: Vega, 2011) e O Som Moderno – Novas formas de criação e escuta (Lisboa: Edições Lusófonas, 2011). É Investigador Principal dos projeto “Lisbon Sound Map” (http://www.lisbonsoundmap.org and http://lisbonsoundmap.wordpress.com/) e “A Técnica e os Media como Problema” (CIC-DIGITAL-CICANT). Paralelamente à sua atividade académica é escritor. As suas obras literárias mais recentes são: Sucede no entanto que o Outono veio, romance (Lisboa: Veja, 2013) e Um Jardim Abandonado que Desbota, poesia (Lisboa:2014).

Luís Cláudio Ribeiro is professor of Sound Studies and head of Communication Sciences Department at Lusófona University, in Lisbon. PhD in Communication Sciences, develops research activity in the field of media epistemology and sound. His recent books focus on the medium, identification and characterization of changes by the use of sound mediators in contemporary society: O Mundo é uma Paisagem Devastada pela Harmonia (Lisboa: Vega, 2011) e O Som Moderno – Novas formas de criação e escuta (Lisboa: Edições Lusófonas, 2011).). He is the main investigator of the project Lisbon Sound Map (http://www.lisbonsoundmap.org and http://lisbonsoundmap.wordpress.com/) and The Technique and the Media as a Problem (CIC- DIGITAL-CICANT). In addition to the academic activity, he is also a poet and novelist. The most recent books are Sucede no entanto que o Outono veio (Lisboa: 2013) and Um Jardim Abandonado que Desbota (Lisboa:2014)

 

Publicado
2018-04-17
Como Citar
Cláudio RibeiroL. (2018). A CIDADE DO FUTURO (REVISITADA). Revista De Comunicação E Linguagens, (48). Obtido de https://rcl.fcsh.unl.pt/index.php/rcl/article/view/66
Secção
Artigos