Mover histórias < > Mover fronteiras

  • António Figueiredo Marques Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Humanas Instituto de Comunicação da NOVA – ICNOVA

Resumo

Este artigo pretende articular os conceitos de fronteira e de intermedialidade atravessados pelo de narrativa. A intermedialidade, enquanto área de fronteira artística, será um lugar singular para performar (pensar e exercitar) a problematização de exílios e das migrações no âmbito do teatro. A sobreposição imperfeita de fronteira geopolítica e de fronteira artística permitirá renovar o olhar sobre as narrativas de des/territorialização.

Deste modo, começamos por refletir sobre as fronteiras físicas e a sua desmaterialização em fronteiras concetuais. Avançando para o teatro do real, como dramaturgia entre o factual e a fabricação estética, sugere-se que esse lugar do meio, como uma fronteira permeável, se dá através da mediação, seja narrativa ou tecnológica, e que, por consequência, dará lugar à remediação.

De modo a ter uma base de trabalho prático quanto às dramaturgias contemporâneas, esboçamos uma análise do espetáculo Moving People de Christiane Jatahy que convoca questões de intermedialidade, ficção e cena expandida, e contrastamos com o espetáculo Sanctuary de Brett Bailey. Ambos estão ancorados na condição de refugiado que obriga à negociação de novos regimes de visibilidade-invisibilidade, virtualidade-realidade não como polarizações mas enquanto diálogo, onde também os limiares se esbatem.

Em suma, pretendemos propor que a intermedialidade oferece uma forma oblíqua de acesso às narrativas do real em que a simultaneidade implica a perda da incompatibilidade entre oposições ontológicas devido aos processos de hibridização e de remediação.

Christiane Jatahy; Brett Bailey; fronteira; desterritorialização; narrativa; intermedialidade

Biografia Autor

António Figueiredo Marques, Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Humanas Instituto de Comunicação da NOVA – ICNOVA

Investigador-performer do Instituto de Comunicação da NOVA – ICNOVA (Per- formance e Cognição, Laboratório de Experimentação Cénica), CIC.DIGITAL polo NOVA FSCH.

Doutorando em Ciências da Comunicação – Comunicação e Artes com orientação do Professor Doutor Paulo Filipe Monteiro na NOVA FCSH. Bolseiro FCT com o projeto intitulado Dramaturgias não narrativas: e quando um espetáculo não conta uma história. De- senvolve uma tipologia de dramaturgias não narrativas e o conceito vitória do menor. Alguns tópicos de trabalho: performance do quotidiano e estética; narrativa e performance; drama- turgia da linguagem; dramaturgia intermedial; inter-relações entre teoria e práticas performa- tivas.

Publicado
2019-07-19
Como Citar
Figueiredo Marques, A. (2019). Mover histórias < &gt; Mover fronteiras. Revista De Comunicação E Linguagens, (50). Obtido de https://rcl.fcsh.unl.pt/index.php/rcl/article/view/49