A Casa como Lugar de Poder — de Avalon a Florianópolis
Resumo
As Brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley (1979) é a história do rei Arthur, narrada pela perspectiva das mulheres quando a Deusa era reverenciada. No ambiente doméstico, elas fiam, tecem, bordam, costuram e resistem, enquanto traçam estratégias de sobreviver e fazer viver, guardando o poder e a magia. As imagens fílmicas e poéticas que trazem estes espaços de intimidade da casa, onde as mulheres estão aparentemente subjugadas en- quanto os homens guerreiam, são identificadas e unidas por um fio vermelho. Este fio é trazido até Florianópolis, a Ilha da Magia, no Brasil, pelo bordado que será utilizado como processo de origem vernacular na produção artística. Bordar: tarefa feminina que às vezes parece castigo e domesticação, mas também promove concentração. Casa: lugar de privação e clausura, mas também de potência e nutrição. O objetivo é recordar a casa como lugar de poder, pois como diz Bachelard (1993, 29),“...as paixões cozinham e recozinham na solidão. É encerrado em sua solidão que o ser de paixão prepara suas explosões ou seus feitos”. Entrelaço as relações entre espaço, memória e imagem poética para pesquisar em que condições a casa pode ser lugar de poder num país em que se reverencia a mulher “bela, recatada e do lar”1 num momento também de efervescência feminista. Como tecer com estes fios, arquitetar saídas e aberturas, costurar possibilidades e tramar nesses tempos difíceis que se anunciam? Através da reativação da memória buscamos perspectivas possíveis de enfrentamento e existência.
Casa | Escrita Feminina | Magia | Insurreição Micropolítica | Subjetivação
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