Imemorial: Passos no Cativeiro — Ritualizar a ausência numa caminhada com fantasmas

  • Rui Filipe Antunes CICANT — Centro de Investigação em Comunicações Aplicadas, Cultura e Novas Tecnologias Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Portugal
Palavras-chave: Memória coletiva, Caminhada performativa, Arte pública, Áudio-walk, Espaço urbano, Espaço público, Escravatura

Resumo

Entre Março e Setembro de 2022, a Associação Substan-tivo Mágico promoveu, na zona ribeirinha de Lisboa, a caminhada performativa, Imemorial: Passos no Cativeiro. Uma caminhada ritual em formato de audio walk que, atra-vés de narrativas históricas — sobretudo do período entre os séculos XV ao XVIII —, de elementos cenográficos, e de uma composição sonora, veio (momentaneamente) propor a ressignificação dos espaços, acrescentando lei-turas à forma pública e interrompendo representações históricas hegemónicas. A caminhada enfatiza i) a escra-vatura, ii) o apagamento forçado das identidades para in-tegração numa cultura maioritária e iii) as alteridades e a sua contribuição para o Portugal moderno. A questão que serviu de enquadramento ao projeto artístico foi: o que não nos conta (ou nos esconde) o espaço público, este espaço por nós percorrido? Utilizámos a caminhada como modo de inquérito para revisitar o efeito das interlocuções en-tre espaço publico, urbanismo, memória individual e co-letiva. Coloca-se agora uma nova questão de fundo que fundamenta este artigo produzido à posteriori: Como decolonizar o espaço público? Neste artigo vamos discutir modo como o espaço e as paisagens urbanas são siste-matizadores ativos da memória, dos sistemas urbanos de memória, do presente e do passado. E de como a arte pode ser catalisadora de mudança sócio-cultural.

Publicado
2022-12-30
Como Citar
Filipe Antunes, R. (2022). Imemorial: Passos no Cativeiro — Ritualizar a ausência numa caminhada com fantasmas. Revista De Comunicação E Linguagens, (57), 147-170. Obtido de https://rcl.fcsh.unl.pt/index.php/rcl/article/view/272