O Universo Previsível: Da Lei da Atração nos Novos Media
Resumo
Toda a transformação suscita vertigem. No terror face ao novo, a tendência é para ordenar o que foi desordenado. Do conjunto de comportamentos individuais e coletivos, o lugar de primazia ocupado pela racionalização revela a preocupação com a discrição e descrição dos fenómenos estranhos, assegurando que a cultura se move nos seus eixos endógenos. Daqui resulta a possibilidade de dis- cursividades paralelas, fora do método científico, serem incorporadas na malha cultural, num processo descrito por Yuri Lotman como sendo a natural incorporação ou contaminação nos textos pelos não-textos. A Lei da Atração corresponde a uma dessas discursividades que vêm preencher o espaço da comunicação com verdades algorítmicas, sendo a sua propagação e reconhecimento manifestações de uma estranha gravitação em torno de novos dogmas. O presente ensaio propõe uma problematização da Lei da Atração, encarando-a enquanto discurso e mecanismo operativo. Ambas as dimensões resultam do que a materialidade dos novos media acrescenta à comunicabilidade: a impregnação de um investimento semiótico na comunicação e a lógica pré-programada, onde o indivíduo procura a costumização de atributos e dispositivos. As qualidades próprias do capitalismo e a complexificação da experiência decorrente do progresso tecnológico criam as condições propícias à adoção de dis- cursos que têm no seu fundamento a mecânica capitalista per se, isto é, a mecânica de abstração e miscigenação do que circula num mesmo espaço, onde o exterior se quer contido. Os novos media correspondem à medialidade da segurança máxima na distância mínima: espelham a confirmação de que somos aquilo que queremos ser, ou seja, aquilo que atraímos.
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