Arma diplomática e ficção: as mulheres nos filmes da Luta de Libertação da Guiné-Bissau
Resumo
Durante os onze anos de luta de lilbertação na Guiné-Bissau, diversos cineastas ocidentais documentaram como o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC) desenvolvia uma acção militar contra o exército colonial português e simultaneamente criava, nas zonas libertadas, hospitais, escolas, tribunais populares e armazéns do povo. Na organização social e política das zonas libertadas seriam atribuídas às mulheres novas funções e responsabilidades, capazes de ativar mecanismos para a sua emancipação e para uma transformação nos papéis de género.
Neste artigo, proponho discutir as representações históricas e políticas das mulheres nestes filmes, justapondo-as com um trabalho etnográfico realizado na tabanca de Unal, um dos primeiros bastiões das zonas libertadas. Esta justaposição permitirá discutir uma pluralidade de perspetivas que questionam a uniformidade do projeto político que o PAIGC propunha implementar. Permitirá ainda revelar inesperadas conjeturas de ascensão social e de resistência, desencadeadas pelas mulheres que viviam nas zonas libertadas, as quais carecem de reflexão e problematização histórica.
Palavras-chave: Guiné-Bissau; luta de libertação; mulheres; PAIGC; cinema
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